quinta-feira, 17 de setembro de 2009





quarta-feira, 16 de setembro de 2009


PERSONAGENS :

Carlinhos : é o protagonista da história. Era um menino triste. Gostava de ter liberdade, de brincar com os meninos, mas no fundo era triste. Morava em Recife, antes de ir para o engenho Santa Rosa, o qual ficou por quatro anos. Ficou órfão aos oito anos de idade. O engenho era tudo para ele. Apesar de tia Maria cuidar dele como mãe, não davam-lhe notícias a respeito do pai – diziam que estava doente no hospital e o hospital se tornou para ele um lugar para onde se vai e nunca mais volta. A solidão para Carlos deixava falar o que ele guardava por dentro: as preocupações, os medos, os sonhos. Gostava de prender os canários com o alçapão. Eram os seus dias de glória. Faziam todos os gostos para o menino: deram o carneiro Jasmim e fizeram os arreios em Itaibana. Carlos cresce sem orientação e aos doze anos torna-se um corrompido.

Avô José Paulinofigura representativa da realidade patriarcal nordestina. Aos olhos de Carlos, um verdadeiro deus, uma figura de grandiosidade inatingível. Não era um devoto. A religião dele não conhecia penitência e esquecia alguns dos mandamentos da lei de Deus. Não ia às missas, não se confessava, mas em tudo o que procurava fazer, lá vinha um “se Deus quiser eu tenho fé em nossa Senhora”. Todos no engenho respeitavam o senhor José Paulino. Depois do jantar ele sentava-se numa cadeira perto do grande banco de madeira do alpendre. Lia os telegramas do “Diário de Pernambuco” ou dava as suas audiências públicas aos moradores. Todo o dinheiro dele era para comprar terras.

Dona Clarisse mãe de Carlos. É assassinada pelo marido no início do livro.

Pai de Carloshomem alto e bonito, com olhos grandes, bigode preto. Beijava o menino, contava histórias, fazia os seus gostos. Tudo era para o menino, que mexia nos livros, sujava as roupas. Por outro lado, discutia com Dona Clarisse. Tinha um coração arrebatado pelas paixões, um coração sensível demais às suas mágoas. Fica louco e mata Dona Clarisse

Tia Sinhazinha
velha de aproximadamente sessenta anos, despótica, que dirigia o convento. As negras, os moleques, todos tinham que se submeter à sua dureza e crueldade. Não gostava de ninguém. Só agradava as pessoas para fazer raiva à outras, depois mudava. Não se aproximava de Carlos. No engenho, trancava a despensa e andava com a chave.

Tio Juca
tio que, levando o menino da cidade para o engenho, apresenta-lhe o mundo novo do engenho e também o próprio avô.

Tia Mariamoça que, com ternura, amor e carinho vai substituir a mãe na memória de Carlos.

Velha TotonhaVivia a contar história de Trancoso. Era pequenina e engelhada, tão leve que uma ventania poderia carregá-la, andava muito a pé, de engenho a engenho, “como uma edição viva das “Mil e uma noites”. Tinha talento em contar histórias. Não tinha nenhum dente na boca, mas dava tons às palavras”. Recitava contos inteiros em versos, intercalando a prosa com notas explicativas.


FILME :


Sinopse :Paraíba, 1920. Após a morte da mãe, o menino Carlinhos vai viver com o avô e os tios no engenho Santa Rosa. Convivendo com os moleques e empregados da bagaceira, tem sua iniciação na vida amorosa e sofre sucessivas perdas e readaptações afetivas. Enquanto isso, testemunha a chegada de um novo tempo, representado pelo advento das usinas de açúcar. Quando chega a hora de partir para o colégio, ele não é mais o garoto inocente que chegou.

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'Adaptação do romance homônimo de José Lins do Rego, com elementos de outras obras do escritor dentro do chamado ciclo da cana-de-açúcar. O trem que corta a campina paraibana é um signo das transformações por que passa a produção canavieira e, por extensão, a vida dos personagens. O avô José Paulino, símbolo da resistência senhorial e do apego à natureza, contrasta simbolicamente com o tio Juca, homem ligado às ambições da modernidade industrial.


O filme, profundamente influenciado pelo cinema de Humberto Mauro e John Ford, foi uma das estréias mais promissoras e um dos maiores sucessos populares do Cinema Novo. Inaugurou a carreira de Walter Lima Jr. prenunciando, desde já, sua fidelidade ao lirismo e ao tema do desejo como fator de conhecimento do mundo. '

Prêmio IV Centenário do Rio de Janeiro para melhor filme;
Melhor Filme nos festivais de Teresópolis e Juiz de Fora;
Prêmio Humberto Mauro;
Menção honrosa no I Festival de Brasília;
Representante oficial do Brasil no Festival de Karlovy Vary (Tchecoslováquia)
e Melhor Filme no Festival de Santarém (Portugal).


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Download do filme
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Parte
1 : http://rapidshare.com/files/243506372/MeninoEngenho.part1.rar
Parte 2 : http://rapidshare.com/files/243547999/MeninoEngenho.part2.rar

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Foco Narrativo :

O romance é narrado em primeira pessoa, pelo narrador-personagem Carlinhos,realizando-se sob uma estrutura memorialista. Desse modo, o ponto de vista interno não só aproxima o narrador do leitor, implicando, assim, uma identificação entre essas duas instâncias, como, também, impregna, assim, o texto de intensa afetividade.

A opção por essa modalidade de foco narrativo entra em harmonia com o lirismo de que se reveste a narrativa. Narrador e leitor se aproximam do universo do feudalismo aristocrático, quando este ainda não havia sido engolido pelo capitalismo anônimo; mas o tom emotivo faz com que, de certa forma, o tom de denúncia e crítica social seja amainado, uma vez que a reconstrução desse tempo se dá sob a tessitura de saudosismo, de um talvez desejo em reviver tudo isso.
Estilo e Época :

A construção de Menino de Engenho se apóia em muitos aspectos do estilo predominante à época, o Modernismo. Fica evidenciado pelo enredo que se apresenta o apoio do romance na cultura brasileira. A trama se passa no típico engenho-de-açúcar nordestino, o ´Santa Rosa´, que constitui o cenário da construção do romance. Em torno dele se apresentam os costumes, as crendices, as superstições que refletem bem a nossa cultura.

O modernismo, como se sabe, exalta bem este nacionalismo, esta atmosfera brasileira, visível em todo o romance. Podemos ver no romance uma postura de um certo modo engajada, apesar da predominância no livro da idéia de evocação de uma infância marcada pela magia e o encanto da vida no engenho Santa Rosa.

De uma certa forma, o autor narra a miséria de forma degradante em que vivia o povo e mesmo, em breves momentos, o autoritarismo e a arrogância do Coronel Zé Paulino. A separação em castas é visível no romance, em que negros e trabalhadores compartilham de um regime de escravidão. A vida dos escravos, a senzala, o sofrimento e os castigos que os negros enfrentam no tronco são descritas pelo narrador de forma emotiva.

Um dos grandes momentos narrados na obra é a suntuosa ´enchente´ do rio, vista por Carlos com um misto de admiração e euforia, dando ares do dilúvio enfrentado por Moisés e sua arca na passagem bíblica. As crendices e superstições comuns nas camadas mais pobres dos Nordeste também são trazidas à tona pelo autor, como por exemplo, o aparecimento de lobisomem no Engenho ´Santa Rosa´ e arredores.

O folclore nordestino ganha destaque nas figuras da velha Totonha com suas histórias fantásticas e o cangaceiro Antonio Silvino e seu bando, pela importância que teve o cangaço à época no Nordeste. A alma brasileira fala com altivez neste romance ímpar, mostrando várias de suas peculiaridades. Importante observar que o estilo do autor mostra bem a forma espontânea, coloquial, com que estes contadores nordestinos são apresentados.
Tempo e Enredo :

O romance, narrado em primeira pessoa, apresenta uma estrutura memorialista, em quarenta capítulos.
O tempo flui cronologicamente: o narrador (Carlinhos) tem quatro anos quando a narrativa começa e doze, quando termina o livro.


Eu tinha uns quatro anos no dia em que minha mãe morreu”.
Tinha uns doze anos quando conheci uma mulher, como homem”.
Espaço :

O romance se passa na Zona da Mata nordestina, especificamente no engenho Santa Rosa, do coronel José Paulino.
É no engenho que acontecem praticamente todos os fatos marcantes do romance.
Dentro desse espaço do engenho encontramos outros ambientes como a senzala, a casa-grande, a cachoeira, o engenho Santa Fé, do coronel Lula de Holanda.
Linguagem :

A linguagem que José Lins do Rego utiliza no Livro Menino de Engenho é regionalista, ou seja, a linguagem própria do local que se situa a história, neste caso, o Nordeste.
Abaixo, alguns termos regionalistas usados:

Acoitoabrigo, acolho, recebo, dou guarida, dou coito.
Aperreiosdificuldades, submissões, aperturas: aperreiação, apoquentação.
Bexiga-doidaespécie de varíola.

terça-feira, 15 de setembro de 2009

ANÁLISE CRÍTICA DA OBRA :


"Menino de engenho é uma autobiografia das cenas da infância de José Lins do Rego, que ainda estavam marcadas em sua mente.
Segundo depoimento do próprio autor, a sua intenção ao elaborar a obra era escrever a biografia do avô, o coronel José Paulino, a quem considerava uma figura das mais representativas da realidade patriarcal nordestina."

Tema – O livro enfoca os abalos de estruturas de uma sociedade rural aristovratizante, latifundiária e escravocrata. O universo complexo em questão é o “mundo”do menino de engenho, que vai da pureza às maledicências , caracterizando uma realidade totalizadora e ao mesmo tempo um destino individual.

O autor, no último parágrafo do livro faz uma comparação de Carlos com Sérgio, do livro “O Ateneu” (Raul Pompéia), sendo que o primeiro sai de uma vida jovem, mas com muita experiência, para seguir seus estudos e o segundo sai de uma vida de mumos para um mundo onde experimentará sensações que ainda não foram vividas.
No romance de Raul Pompéia há uma atitude de exigência interior de libertação de uma amargura avassaladora, intensificada e marcada pela caricatura, pelo sarcasmo e impiedade. Já o que ocorre no romance de José Lins do Rego é algo de ternura e intensa humanidade, dominado pela nostalgia do ambiente do engenho sob a decadência do poderio da civilização açucareira. Esse autor procura sentir e compreender a grandeza e a memória da natureza humanos limites de um mundo do qual não deseja se desprender.

Através da Velha Totonha, o autor faz referências a “Mil e uma noites”, “Pequeno Polegar”, ao naufrágio do paquete Bahia nas costas do Pernambuco, “Barba Azul” etc.




BIOGRAFIA :

José Lins do Rego .

José Lins do Rego Cavalcanti, nasceu em 03 de junho de 1901, no engenho Corredor, município de Pilar no Estado da Paraíba. José Lins já trazia consigo heranças de seus pais, João do Rego Cavalcanti e Amélia do Rego Cavalcanti, que iriam enriquecer sua carreira.
Seus pais sempre estiveram ligados ao mundo rural do Nordeste açucareiro, junto às senzalas e ao “rebanhos” humanos de negros.
O convívio direto com esse mundo rural influenciou muito sua carreira, já que estes temas do patriarcalismo rural predominaram em usa obra.

“Menino do Engenho” foi o primeiro livro escrito por José Lins, este marca o início da procura por raízes perdidas no tempo.
A liberdade de sua infância foi breve, pois logo foi freada pelas letras no Instituto Nossa Senhora do Armo em Itabaiana. Em 1912, iniciou seus estudos ginasiais no Colégio Diocesano Pio X, na capital do Estado. Nesta época também começaram a surgir sua tendência literária e seu gosto pela leitura.

Nesse período começa seu contato com livros como “O Ateneu” de Raul Pompéia e “Dom Casmurro” de Machado de Assis. É também nessa época que publica seu primeiro artigo, que tinha como tema Rui Barbosa.Sua amizade com Olívio Montenegro foi de grande importância, pois este lhe apresentou as obras de Rousseau e Stendhal .

Gilberto Freyre, influenciou José Lins com suas idéias e desenvolveu no mesmo, o interesse pela leitura inglesa.

Em 1923, José Lins começa a assinar seus primeiros trabalhos como escritor.
Aos 22 anos, ele já estava formado Bacharel em Direito e tem sua vida modificada um ano após, casando-se com a filha do Senados Massa, Philomena Massa (Massá). José Lins teve 3 filhas: Maria Elisabeth, Maria da Glória e maria Christina.

Em 1925, é nomeado promotor público em Manhuaçu (MG), porém lá pouco ficou, devido sua vocação literária. Desistindo algum tempo depois da carreira na magistratura, ele muda-se em 1925 para a capital de Alagoas, onde trabalha como fiscal de bancos. Nesse período em Maceió, ele junta-se a um grupo, o grupo de Graciliano Ramos, Rachel de Queirós, Aurélio Buarque de Holanda, Jorge de Lima, Valdemar Cavalcanti, Aloísio Bianco, Carlos Paurílio e outros.

Foi também em Maceió que Lins do Rego escreveu seu primeiro livro “Menino de engenho”- que só foi publicado mais tarde por uma editora desconhecida com o dinheiro do próprio autor. Porém a estréia do livro foi um sucesso, esgotando-se os exemplares em pouco tempo e sendo reconhecido e elogiado pela crítica literária da época; o livro chegou a receber o prêmio de romance da Fundação Graça Aranha.

Em 12 de setembro de 1957, no Rio de Janeiro, com 56 anos de idade, faleceu José Lins do Rego Cavalcanti, deixando uma grande e rica obra literária.





RESUMO DO LIVRO:

Menino de Engenho conta a história de Carlos, um menino órfão, que aos quatro anos de idade perde a mãe assassinada pelo pai, devido a uma loucura incontrolável. Mediante esta situação, Carlinhos é levado pelo tio Juca ao engenho do avô materno José Paulino – o Santa Rosa.
No engenho, Carlos conhece tia Maria, moça de coração bom, generosa e atenciosa que procura suprir com amor a ausência da mãe de Carlos. Além de tia Maria, ele conhece também a tia Sinhazinha, uma mulher velha, com aproximadamente sessenta anos e que implicava com tudo. Todos os empregados da casa tinham que cumprir suas ordens e respeitar suas crueldades.

Longe dos olhos de tia Maria e na companhia dos primos, Carlinhos conhece um mundo cheio de aventuras, desigualdades sociais vividas pelos empregados do engenho, promiscuidade e desrespeito sexual. E foi neste ambiente desprovido de cuidados e atenção, que Carlinhos começa muito cedo sua vida amorosa, se apaixonando pela sua primeira professora, que logo foi substituída pelas primas.

Fascinado com a liberdade da vida que gozava no engenho, Carlos se encanta com as mulatas, filhas dos empregados do avô. Com elas aflora para uma vida sexual precoce e aos doze anos de idade, contrai gálico de uma delas, tornando-se o assunto da região. Totalmente sem limites e sem educação, Carlos preocupa seu avô, que não encontra outro caminho a não ser encaminhá-lo para um colégio – o lugar o qual o tornaria um verdadeiro homem .

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Download do livro : http://www.4shared.com/file/45559431/398e39e8/Jos_Lins_do_Rego_-_Menino_de_Engenho.html?s=1#

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