quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Estilo e Época :

A construção de Menino de Engenho se apóia em muitos aspectos do estilo predominante à época, o Modernismo. Fica evidenciado pelo enredo que se apresenta o apoio do romance na cultura brasileira. A trama se passa no típico engenho-de-açúcar nordestino, o ´Santa Rosa´, que constitui o cenário da construção do romance. Em torno dele se apresentam os costumes, as crendices, as superstições que refletem bem a nossa cultura.

O modernismo, como se sabe, exalta bem este nacionalismo, esta atmosfera brasileira, visível em todo o romance. Podemos ver no romance uma postura de um certo modo engajada, apesar da predominância no livro da idéia de evocação de uma infância marcada pela magia e o encanto da vida no engenho Santa Rosa.

De uma certa forma, o autor narra a miséria de forma degradante em que vivia o povo e mesmo, em breves momentos, o autoritarismo e a arrogância do Coronel Zé Paulino. A separação em castas é visível no romance, em que negros e trabalhadores compartilham de um regime de escravidão. A vida dos escravos, a senzala, o sofrimento e os castigos que os negros enfrentam no tronco são descritas pelo narrador de forma emotiva.

Um dos grandes momentos narrados na obra é a suntuosa ´enchente´ do rio, vista por Carlos com um misto de admiração e euforia, dando ares do dilúvio enfrentado por Moisés e sua arca na passagem bíblica. As crendices e superstições comuns nas camadas mais pobres dos Nordeste também são trazidas à tona pelo autor, como por exemplo, o aparecimento de lobisomem no Engenho ´Santa Rosa´ e arredores.

O folclore nordestino ganha destaque nas figuras da velha Totonha com suas histórias fantásticas e o cangaceiro Antonio Silvino e seu bando, pela importância que teve o cangaço à época no Nordeste. A alma brasileira fala com altivez neste romance ímpar, mostrando várias de suas peculiaridades. Importante observar que o estilo do autor mostra bem a forma espontânea, coloquial, com que estes contadores nordestinos são apresentados.

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